A MATERIALIDADE DO DIREITO INDÍGENA NO BRASIL: REFLEXOS DO INTEGRACIONISMO E DO MULTICULTURALISMO NAS SOCIEDADES TRIBAIS

Autores

  • Afonso Hermogenes Cintra de FREITAS Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP
  • Ana Tereza Jacintho TEIXEIRA Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP

DOI:

https://doi.org/10.21207/2675-0104.2019.909

Palavras-chave:

Direito Indígena, Integracionismo, Multiculturalismo, Sociedades tribais, Globalização

Resumo

Com o advento da globalização, o Direito, como um todo, viu-se necessitado e se adaptar a esse novo cenário. Entretanto, o caráter unificador do fenômeno trouxe influências – positivas e negativas – em cada organismo que compõe a sociedade. Por consequências históricas, os indígenas se encontram à margem da tutela jurisdicional, e a antinomia existente entre o Estatuto do Índio (1973) e a Constituição Federal (1988), atualmente, provoca danos irreparáveis às comunidades tribais. O presente trabalho se propõe a analisar os efeitos da legislação, positivada de forma exclusiva pela sociedade não-indígena, naquela outra. Como método, a monografia utiliza de aspectos históricos e antropológicos para auxiliar na compreensão da figura indígena (arquetípica e real) e se desenvolve até as implicações máximas do multiculturalismo na atualidade. Os resultados, de certa forma, se apresentaram como o esperado. A questão latente reside no pluriculturalismo, que apesar de majoritariamente prejudicial às sociedades não integradas no movimento da globalização, propicia novas formas de interação entre esses grupos. É preciso, portanto, que haja um desenvolvimento no âmbito legislativo, especialmente no que concerne à política multicultural, para que ocorra a horizontalidade de tratamento entre as sociedades indígena e não-indígena brasileiras.

Biografia do Autor

  • Afonso Hermogenes Cintra de FREITAS, Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP
    Discente da Faculdade de Direito de Franca/SP. Bolsista do Programa Interno de Iniciação Cientítica (PIBIC 2018-2019).
  • Ana Tereza Jacintho TEIXEIRA, Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP
    Graduada em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1972), em Direito pela Faculdade de Direito de Franca (1975), em Estudos Sociais pelo Centro Universitário Barão de Mauá (1975), em Geografia pelo Centro Universitário Barão de Mauá (1979), em Pedagogia pela Universidade de Franca (1984), e Ciências Sociais pela Universidade de Franca (1982). Mestra em Direito Público pela Universidade de Franca (2001) e Doutora em Direito - Universidad Del Museo Social Argentino (2007). Atualmente é professora titular da Faculdade de Direito de Franca e professora titular do Centro Universitário Municipal de Franca, atuando, também, como Chefe de departamento do curso de Ciências Econômicas. Tem experiência na área de Direito, atuando principalmente nos seguintes temas: Brasil, direito, trabalho, responsanbilidade civil e assédio moral.&nbsp

Referências

ANDRADA E SILVA, José Bonifácio de. Apontamentos para a civilização dos índios bravos do império do Brasil in DOLHNIKOKK, Mirian (org). Projetos para o Brasil/José Bonifácio de Andrada e Silva.

ANTUNES, Paulo. Direito ambiental. São Paulo: Atlas, 2009, 1112p.

BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismo social, eugenia e racismo “científico”: sua repercussão na sociedade e na educação brasileiras. Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/n12/n12a14.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2019.

BRASIL. Annaes do Parlamento Brasileiro, Tomo III. Rio de Janeiro, RJ, 1824, p. 229. Disponível em: <http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/28879>. Acesso em: 10 ago. 2019.

BRASIL. Carta Régia de 05 de novembro de 1808. Rio de Janeiro, RJ, 05 nov. 1808. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/carreg_sn/anterioresa1824/cartaregia-40263-5-novembro-1808-572442-publicacaooriginal-95554-pe.html>. Acesso em 13 ago. 2019.

BRASIL. Carta Régia de 27 de outubro de 1831. Rio de Janeiro, RJ, 27 out. 1831. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37625-27-outubro-1831-564675-publicacaooriginal-88614-pl.html>. Acesso em: 10 ago. 2019.

BRASIL. Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Genebra, 27 jun. 1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5051.htm>. Acesso em 15 ago. 2019.

BRASIL. Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/files/file/PIB_institucional/DECLARACAO_DAS_NACOES_UNIDAS_SOBRE_OS_DIREITOS_DOS_POVOS_INDiGENAS.pdf >. Acesso em 18 ago. 2019.

BRASIL. Decreto-lei Nº 2.848, Código Penal. Rio de Janeiro, RJ, 07 dez. 1940. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em 13 ago. 2019.

BRASIL. Lei Nº 3.071. Rio de Janeiro, RJ, 01 jan. 1916. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11494962/artigo-6-da-lei-n-3071-de-01-de-janeiro-de-1916>. Acesso em 14 ago. 2019.

BRASIL. Lei Nº 6.001, Estatuto do índio, Brasília, DF, 19 dez. 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6001.htm>. Acesso em: 10 dez. 2018.

BRASIL. Projeto de Lei Nº 2.057. Brasília, DF, 23 out. 1991. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=17569>. Acesso em 14 ago. 2019.

CALORE, Antonello. “Guerra giusta” tra presente e passato. Disponível em: <http://www.dirittoestoria.it/tradizione2/Calore-Guerra-giusta.htm>. Acesso em: 24 fev. 2019.

CAMINHA, Pero Vaz de. Carta a El Rei D. Manuel. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf>. Acesso em: 11 out. 2018.

CANADA. Canadian Multiculturalism Act. Canada, 21 jul. 1988. Disponível em: <https://laws-lois.justice.gc.ca/eng/acts/c-18.7/page-1.html>. Acesso em: 28 ago. 2019.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Os direitos do índio. São Paulo: Brasiliense, 1987, 230p.

COSTA, Maria Luisa Furlan. O Projeto de José Bonifácio para a Civilização dos Índios do Brasil na Perspectiva da História da Educação. Universidade Estadual de Maringá. Disponível em: <http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe1/anais/112_maria_luisa.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2019.

DE LA TORRE, Miguel. The Problem with the Melting Pot. Disponível em: <https://ethicsdaily.com/the-problem-with-the-melting-pot-cms-13647/>. Acesso em: 06 ago. 2019.

FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 1589.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1987, 348p.

FUNAI. Quais os critérios utilizados para a definição de indígena? Disponível em: <http://www.funai.gov.br/index.php/todos-ouvidoria/23-perguntas-frequentes/97-pergunta-3>. Acesso em: 10 dez. 2018.

GALVÃO, Eduardo. Estudos sobre a aculturação dos grupos indígenas do Brasil. Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/110360/108927>. Acesso em: 22 ago. 2019.

HAAS, Ingrid Freire. Multiculturalismo na atualidade: o direito à cultura e sua expressão nos direitos humanos. Revista Eletrônica do Curso de Direito – PUC Minas Serro, Belo Horizonte, n. 5, 2012. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/DireitoSerro/article/view/1954>. Acesso em: 26 ago. 2019.

IBGE. Política indigenista: do século VI ao século XX. Disponível em: <https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/historia-indigena/politica-indigenista-do-seculo-xvi-ao-seculo-xx.html>. Acesso em: 24 fev. 2019.

LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1961, 220p.

MALHEIRO, Agostinho Marques Perdigão. A escravidão no Brasil: ensaio historico-juridico-social. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1867, 172p.

MOURA, Patrícia Garcia de; BATISTA, Luciana Rodrigues Vieira; MOREIRA, Emília Addison Machado. População indígena: uma reflexão sobre a influência da civilização urbana no estado nutricional e na saúde bucal. Rev. Nutr. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732010000300013>. Acesso em 26 ago. 2019.

MPF. Protocolo de Consulta Prévia dos Povos Indígenas, Protocolo TIX Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr6/documentos-e-publicacoes/protocolos-de-consulta-dos-povos-indigenas/docs/2016protocolotixxingu.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2019.

NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do processo civil à luz da Constituição Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, 245p.

OLMO, Rosa del. A América Latina e sua criminologia. Rio de Janeiro: Revan, 2004, 328p.

PAIM, Antonio. A questão indígena. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2017, 198p.

PIMENTEL, Spency. O índio que mora na nossa cabeça: sobre as dificuldades para entender os povos indígenas. São Paulo: Prumo, 2012, 88p.

POVOS INDÍGENAS NO BRASIL. Declaração da ONU sobre direitos dos povos indígenas. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Declara%C3%A7%C3%A3o_da_ONU_sobre_direitos_dos_povos_ind%C3%ADgenas>. Acesso em: 20 ago. 2019.

REINO UNIDO. Education Reform Act. Reino Unido, 29 jul. 1988. Disponível em: <http://www.legislation.gov.uk/ukpga/1988/40/contents>. Acesso em 04 ago. 2019.

REVISTA DOS TRIBUNAIS, v. 694, ano 82. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993.

REVISTA DOS TRIBUNAIS, v. 775, ano 89. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

REVISTA DOS TRIBUNAIS, v. 787, ano 90. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Global Editora, 2015. 358p.

ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1989, 38p.

SILVA, José Justino de Andrade. "Collecção Chronologica da Legislação Portugueza - 1603-1612". Lisboa: Imprensa de J. J. A. Silva, 1854.

SILVA, Tédney Moreira da. No banco dos réus, um índio: criminalização de indígenas no Brasil. São Paulo: IBCCRIM, 2016, 310p.

SOUSA, Rainer. Escravidão indígena. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiab/escravidao-indigena.htm>. Acesso em: 24 fev. 2019.

SPINELI, Miguel. Sobre as diferenças entre éthos com épsilon e êthos com eta. Marília: Trans/Form/Ação, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732009000200001>. Acesso em: 22 ago. 2019.

SZTUTMAN, Renato. Ética e proféticas nas Mitológicas Levi-Strauss Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832009000100012>. Acesso em: 11 ago. 2019.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2013, 300p.

Downloads

Publicado

2020-05-07

Edição

Seção

Pesquisas Científicas com Fomento Interno