DIREITO PENAL COMO INSTRUMENTO IDEOLÓGICO PATRIARCAL

Autores

  • Beatriz Capalbo POLI Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP.
  • Marcos Silvestre GERA Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP.

DOI:

https://doi.org/10.21207/2675-0104.2019.868

Palavras-chave:

Poder ideológico patriarcal. Direito Penal. Machismo. Feminismo.

Resumo

Desenvolve-se uma análise sobre o poder ideológico patriarcal por intermédio do Direito Penal, como forma de manter seu status e poder. Objetiva-se trazer à luz do bom-senso o assunto, destacando os processos de naturalização - apresentar como naturais processos decorrentes de ações humanas, portanto, históricas -, e universalização - apresentar como universais os valores da classe dominante de uma sociedade, estendendo seus valores às outras, de forma sutil, como se fossem igualmente importantes para todas as classes sociais - que conceitos provenientes da ideologia patriarcal passaram por meio do Direito Penal, que atua como emissor e receptor destes. Apesar das alterações e revogações de dispositivos prejudiciais às mulheres e conquistas de novos direitos para sua proteção; o legado ideológico dos conceitos machistas e patriarcais, que estão ou estiveram presentes no Direito Brasileiro, continuam, até a atualidade, podendo ser demonstrado pelo número crescente de casos de crimes contra mulheres, bem como pela opinião popular que continua em grande medida culpando a vítima pelas mais diversas atrocidades praticadas em detrimento dela. Ou seja, as mudanças acontecem pela pressão dos movimentos sociais, entretanto, não há o pleno entendimento dos reais motivos dessas demandas, gerando alterações no macro, sem haver entendimento de base, para que de fato haja uma mudança na mentalidade do senso comum, a caminho do bom senso. Através dos métodos dedutivo bibliográfico e histórico, esclarece-se os assuntos relativos ao tema da pesquisa, visando a superação da naturalização da ideologia.

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Palavras-chave: Poder ideológico patriarcal. Direito Penal. Machismo. Feminismo.

Biografia do Autor

  • Beatriz Capalbo POLI, Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP.
    Discente da Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP. Bolsista do Programa Interno de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC 2018-2019).
  • Marcos Silvestre GERA, Faculdade de Direito de Franca (FDF), Franca/SP.
    Possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1989), graduação em Educação Física pelas Faculdades Claretianas de Batatais (1989), primeiro ano em Teologia pelo Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (1988) e mestrado em Educação na área de História, Filosofia e Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente é docente da Faculdade de Direito de Franca (FDF), do Centro Universitário de Franca (UNIFACEF) e professor titular da Universidade de Franca (UNIFRAN). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Introdução à Filosofia, Ética, Filosofia do Direito, Filosofia da Educação e Antropologia Filosófica.

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Publicado

2020-05-07

Edição

Seção

Pesquisas Científicas com Fomento Interno